Audiência Pública na Lapa denuncia impactos sociais e financeiros do pedágio na Lapa
Uma Audiência Pública foi realizada no ultimo dia 04 de outubro, no Plenário da Câmara Municipal para debater os graves impactos causados pela praça de pedágio na BR-476. Organizado por iniciativa do vereador Bruno Bux, o evento reuniu autoridades, representantes da sociedade civil e moradores para denunciar os abusos e buscar soluções para os problemas enfrentados pela população.
O encontro contou com a presença de diversas lideranças políticas, incluindo o Prefeito Diego Ribas, o Vice-prefeito Fenelon Moreira e o Presidente da Câmara, Arthur Vidal, acompanhados pelos vereadores Acyr do Sindicato, Camila Schefer, Paulo Massa e Vilmar Fávaro Purga. Também participaram a Deputada Federal Carol Dartora, representantes dos Ministérios de Direitos Humanos e da Igualdade Racial, a Defensoria Pública da União e a presidente da ACIAL, Nilciane Pawowski.
O foco principal do evento foram os relatos dos moradores do distrito de Mariental e das comunidades quilombolas de Restinga, Feixo e Vila Esperança. Eles trouxeram testemunhos sobre as dificuldades ocasionadas pela Praça de Pedágio, que, além de cobrar preços considerados abusivos pela empresa Via Araucária, efetivamente divide o município da Lapa. Em um gesto que gerou críticas, a concessionária Via Araucária e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), embora convidadas, não enviaram representantes.
O principal problema discutido é o peso que a tarifa de pedágio, instalada entre o distrito de Mariental e o centro da cidade, impõe no orçamento de trabalhadores que são obrigados a pagar o valor diariamente para se deslocar. Além do impacto financeiro, a cobrança dificulta o acesso a serviços essenciais, como saúde, configurando um desrespeito ao direito de livre acesso dos cidadãos.
Durante a audiência, foram formalizadas diversas denúncias apontando a violação de direitos das comunidades quilombolas, o significativo aumento no número de acidentes e mortes na rodovia e a falta de segurança para acessar as comunidades locais. Outro ponto de grande preocupação é o impacto nos cofres municipais: a Prefeitura da Lapa terá que arcar com cerca de R$ 3 milhões por ano para garantir a isenção de alguns veículos, um recurso que deixará de ser investido em serviços públicos para a população.
Como resultado do debate, foram definidos quatro encaminhamentos principais: solicitar a isenção ampla da cobrança para os moradores afetados, estudar a implementação de um sistema de pedágio sem cancelas (free flow), garantir isonomia no desconto progressivo entre as diferentes praças e denunciar formalmente a falta de segurança viária no trecho.
Nos próximos passos, o conteúdo da audiência será utilizado como peça de mediação em uma ação judicial que tramita na 11ª Vara Federal de Curitiba. Além disso, uma reunião já foi agendada com o Ministério dos Transportes para a próxima semana, em Brasília, para levar as reivindicações da comunidade diretamente ao governo federal.